Medalhista de ouro na OBMEP não gostava de matemática e superou luto com ajuda da prova: 'Me encantei pela área'
Daniella Machado de Almeida conquistou medalha de ouro na OBMEP de 2024. Arquivo pessoal. Quando participou da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas ...

Daniella Machado de Almeida conquistou medalha de ouro na OBMEP de 2024. Arquivo pessoal. Quando participou da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OMBEP) pela primeira vez em 2022, a carioca Daniella Machado de Almeida não imaginava que iria se apaixonar por matemática. Mas, na última segunda-feira (30), ela estava entre os 683 alunos de todo o país que receberam uma medalha de ouro pela 19ª edição da competição. 🔢 A OBMEP é a maior olimpíada científica do país e terá sua 20ª edição em 2025. Criada pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Ministério da Educação (MEC), a competição reúne cerca de 18 milhões de participante todos os anos. Ela é destinada a estudantes do 6º ano do fundamental ao 3º ano do médio, e busca estimular o estudo da matemática e identificar jovens talentos da disciplina. Hoje, aos 15 anos, Daniella celebra três medalhas conquistadas na competição, oportunidades de estudo e auxílio financeiro, e passou a sonhar com um futuro ligado à matemática. Mas, até chegar a este ponto, as coisas não foram fáceis para Daniella — nem na vida, nem na escola, onde sua relação com a matemática não passava de uma obrigação. No 7º ano, eu não via muitas contas de matemática que eram interessantes igual [na OBMEP. A disciplina] Era só mais uma coisa que eu estudava por obrigação, porque precisava da nota, mas não gostava. Ela diz que, apesar de ter visto cartazes anunciando a olimpíada pela escola, só descobriu que participaria da prova no dia da aplicação. Sem preparação alguma, Daniella fez a prova e ficou surpresa ao descobrir que havia passado para a segunda etapa da disputa. A notícia chegou em um momento delicado para a menina. “Meu pai faleceu de câncer um mês antes de eu fazer a primeira fase da OBMEP. [A prova] Foi algo ao que eu consegui me agarrar para superar a perda do meu pai, e que também ajudou minha família no processo do luto”, ela lembra. 📈 A segunda fase Aprovada para a segunda fase, ela buscou se familiarizar com a prova. Pesquisou vídeos, viu provas antigas e estudou como pôde. Como resultado, Daniella garantiu uma medalha de bronze a nível nacional e foi beneficiada com uma vaga no curso de matemática oferecido pela organização da olimpíada, o Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC) "Foi algo incrível. Eu ganhei a medalha em 2022 e comecei a participar do PIC em 2023. Lá, passei a conviver com pessoas iguais a mim, que se encantaram com a matemática." Outro benefício celebrado por Daniella foi o auxílio financeiro atrelado ao programa e disponibilizado para todos os medalhistas nacionais da OBMEP. A bolsa de R$ 300 mensais permitiu que a jovem passasse a ajudar a mãe com as contas de casa e desenvolvesse noções de independência e de responsabilidade financeiras. Mas o principal ganho destacado por ela foi o interesse que descobriu pela matemática após a olimíada. Foi muito interessante ver a matemática de outra maneira. Na OBMEP, as questões despertam curiosidade. É preciso ter raciocínio lógico, saber entender e interpretar a questão, e comecei a me interessar pelo conhecimento teórico que está por trás da questão. 🏅 Mais medalhas, e uma mudança Foi com essa nova mentalidade que Daniella encarou sua segunda participação na olimpíada no ano seguinte e mais uma vez conquistou uma medalha de bronze. "Da segunda vez foi mais difícil porque me mudei para o Rio de Janeiro em 2022, então ainda estava me adaptando à nova escola, o nível da prova também mudou. Por isso, minha família e eu ficamos muito felizes quando passei para a segunda fase e consegui a medalha", ela diz. Em 2024, em sua terceira participação na competição, a carioca ficou entre os melhores colocados e garantiu uma medalha de ouro. Daniella Machado de Almeida e a mãe na cerimônia de entrega das medalhas de ouro da OMBEP 2024. Arquivo pessoal. E após participar de três edições da disputa e conhecer estudantes tão entusiasmados pela matemática quanto ela, Daniella decidiu continuar lapidando sua paixão pela disciplina. Para isso, ela pesquisou e participou do processo seletivo do Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET) Celso Suckow da Fonseca, no Rio de Janeiro. E não deu outra! A jovem conseguiu uma vaga e atualmente faz o 1º ano do ensino médio atrelado ao curso técnico de informática no CEFET. 🔣 Futuro na matemática Na segunda-feira (30), Daniella participou da cerimônia de premiação da 19ª OBMEP, que aconteceu no Rio de Janeiro, onde recebeu a medalha de ouro por seu desempenho na prova em 2024. Agora, apesar de olhar com carinho para todas as conquistas que coleciona desde que começou a participar da competição, ela planeja as conquistas futuras. Os novos sonhos nada tem a ver com a jovem do 7º ano que não gostava de matemática: Quando penso no meu futuro, sempre me vejo ligada à área de exatas e à matemática. Quando eu terminar o ensino médio, acho que vou cursar Engenharia, Ciências da Computação, ou até mesmo um bacharelado em Matemática. E ela não quer seguir este caminho sozinha: "Eu gostaria que mais estudantes descobrissem a matemática que eu descobri, que [saibam que] não é esse bicho de sete cabeças. A teoria por trás dos cálculos e das fórmulas é muito interessante e estimulante, então espero que mais gente veja isso", conclui. LEIA TAMBÉM: Brasileira que teve a maior nota da turma de Harvard em 2025 largou medicina na USP, onde estudava com a irmã gêmea Bolsista, aluna brasileira fez história: obteve a nota mais alta da turma em Harvard